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sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Como desenvolver afetividade com o aluno de EAD

Coordenador do pólo ABED Maranhão explica dificuldades e dá soluções

É muito mais difícil criar um vínculo afetivo aluno-aluno e alunos-professor numa situação em que cada um faz o curso isolado em seu computador do que quando estão todos juntos em sala de aula, numa convivência presencial. Esse é um dos principais motivos de evasão nos cursos de EAD, segundo Jean Marlos P. Borba, professor do Centro de Ciências Sociais Aplicadas da UEMA (Universidade Estadual do Maranhão), e atual coordenador do pólo da ABED no Maranhão, além de membro do Conselho de ?tica e Qualidade da ABED. No mini-curso que ministrou neste domingo, 9 de abril, o professor levantou os principais problemas na construção de uma relação à distância e sugeriu soluções.
"Atualmente as instituições de EAD se preocupam muito com o suporte tecnológico e a qualidade estética, e pouco com as relações afetivas", argumenta Borba, que atualmente pesquisa a questão da afetividade e do vínculo na Educação a Distância na faculdade de Psicologoia da UFMA. Borba entende como afetividade a maneira como somos afetados interiormente pelas circunstâncias que se produzem à nossa volta. Para ele, muitos alunos acabam não concluindo os cursos porque a relação criada entre eles, os colegas e o professor é meramente mecanicista e cognitiva. "O professor só dá respostas intelectuais, sem demonstrar preocupação em entender o aluno e suas necessidades individuais." Ele lembra que o estudante é um ser não só intelectual, mas afetivo, e que são as emoções que motivam qualquer indivíduo. A solução está em conhecer a história do aluno, ouvi-lo para saber como motivá-lo. ? preciso dar uma aula mais personalisada, para elaborar respostas personalizadas, e não pensando em como a "média" reagiria. "O segredo é interpretar menos e compreender mais", diz.
No mini-curso, Borba explicou que o professor deve estar presente não só na produção de meios e estratégias de comunicação capazes de levar até os alunos as explicações do professor, mas também deve funcionar como intermediador, usar elementos facilitadores do processo educativo, numa aprendizagem significativa. "Assim como na sala de aula, nos cursos a distância tem aquele aluno mais participativo, o mais tímido, o mais ausente. È preciso atuar levando em consideração a personalidade de cada um e, a partir disso, mediar a relação com ele, aluno-aluno, e aluno-material didático-institucional."
Borba sugere algumas dicas para aprimorar a relação de afeto com o aluno:
  • Não seja meramente quantitativo, avalie o aluno qualitativamente. Isto é: não acompanhe só a nota e a freqüência, mas suas dificuldades, o seu desenvolvimento, levando em consideração a sua história. Tenha essas questões anotadas na ficha de descrição de cada aluno.
  • Gaste o seu tempo se auto-avaliando em conjunto com os alunos: estes recursos que estou usando estão funcionando para você? Estão gostando do ritmo e formato da aula?
  • Desde o começo do curso, deixe claro para o aluno a importância dessa relação personalizada.
  • Não prometa o que não consegue cumprir. "Há instituições que prometem atendimento 24 horas, e sabemos que isso é inviável. Estressa o professor e desestimula o aluno que não tem o retorno esperado."
  • Dê retorno nos dias e horários estabelecidos. Uma vez que você descumpre o prometido, o aluno desiste.

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